Transição diz que 50% das obras de
saneamento estão paradas

Grupo de trabalho do novo governo fez balanço de relatório preliminar

Pedro Rafael Vilela – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integra a equipe de transição no
grupo temático de Desenvolvimento Regional do governo eleito, afirmou na
quinta-feira (1o) que metade das obras na área de saneamento estão paradas no
país. A informação está entre os dados sistematizados pelo grupo em um
relatório preliminar.

“O Ministério [do Desenvolvimento Regional] é um verdadeiro cemitério de obras
paradas. E com este modelo orçamentário, se continuar, isso tende a se aguçar.
Para se ter uma ideia, 50% das obras de saneamento do país estão paralisadas”,
afirmou durante coletiva de imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB),
em Brasília, sede do governo de transição.

Segundo o senador, a maior parte do orçamento da pasta é garantido por
emendas parlamentares, em ações como compra de tratores e pavimentação
asfáltica “sem critérios”, que estão desconectadas dos objetivos finalísticos da
pasta, na avaliação de Rodrigues. Por causa disso, 80% das ações do ministério
estão concentrados em regiões com alto índice de desenvolvimento econômico,
de acordo com dados levantados pela equipe.

Além disso, Randolfe Rodrigues disse que o orçamento para o ano que vem, de
cerca de R$ 3 bilhões, é bem inferior ao necessário, que seria na faixa de R$ 5
bilhões. “É mais um dado que informa a necessidade de aprovação da proposta
de emenda constitucional que foi apresentada essa semana no Congresso
Nacional”, destacou, em referência à PEC da Transição, para excluir o Auxílio
Emergencial da regra do teto de gastos e abrir espaço orçamentário para novas
despesas.

Obras
Outro dado informado pelo GT de Desenvolvimento Regional é total falta de
recursos para obras emergenciais contra enchentes, comuns no início do ano em
diferentes regiões do país. Dos R$ 506 milhões solicitados pela Secretaria

Nacional de Defesa Civil, o orçamento previsto é apenas R$ 3 milhões, menos de
1% do necessário.

“Significa dizer que nenhuma obra de contenção de encostas e prevenção de
desastres será concretizada”, alertou Randolfe Rodrigues. Entre 2018 e 2022, o
orçamento discricionário da pasta, informou o senador, sofreu redução de 67%,
impactando sobretudo recursos para obras de prevenção e combate a desastres
naturais.

Outra ação paralisada na pasta, segundo Rodrigues, é a Operação Carro Pipa,
que foi suspensa na Região Nordeste desde o dia 15 de novembro, ameaçando a
segurança hídrica de uma população estimada em 1,5 milhão de pessoas. Ainda
para este ano, seriam necessário R$ 50 milhões para esta ação, recursos que
não estão disponíveis.

Durante a coletiva, integrantes do GT de Desenvolvimento Regional defenderam
a divisão da pasta em ministérios das Cidades e da Integração Nacional, formato
que vigorou durante os governos petistas.

“A constatação que fazemos é que o ministério foi uma fusão totalmente mal
planejada”, disse Rodrigues. A definição sobre criação de novas pastas será
decidida pelo próprio presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ao fim dos
trabalhos da transição.

“A ideia é voltar como era o Ministério das Cidades, com ações de trânsito,
mobilidade e habitação, e a parte de desenvolvimento urbano, segurança hídrica,
ordenamento territorial, fundos regionais e bancos regionais sob gestão do

Ministério da Integração Nacional”, afirmou o senador eleito Camilo Santana (PT-
CE), que também integra o grupo.

A reportagem entrou em contato com a atual gestão do Ministério do
Desenvolvimento Regional. para comentar sobre os dados apresentados pela
equipe de transição, mas não recebeu resposta até o momento.

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