Você já ouviu falar em Síndorme de Burnout? 

Hoje vamos falar sobre Burnout, uma doença relacionada aos ambientes de trabalho e que atinge aproximadamente 30% da população brasileira economicamente ativa, segundo os dados do International Stress Management Association (ISMA).

O termo ‘burnout‘ vem da língua inglesa, uma união de duas palavras: “burn”, que quer dizer queimar, e “out”, que significa exterior. Então, a Síndrome de Burnout significa exaustão, queima, esgotamento e pode ser caracterizada como uma queima de fora para dentro.  A síndrome do burnout é resultado de um estresse prolongado e não gerenciado relacionado principalmente ao ambiente de trabalho. A doença que vem ganhando destaque nos últimos anos manifesta-se por um esgotamento mental ligado a períodos estressantes de trabalho, alta demanda de serviço, pressão, excesso de ligações diárias, altas jornadas de trabalho e evolui para graves estados depressivos e de ansiedade.

Profissões são mais suscetíveis:

Algumas profissões, como é o caso dos médicos, enfermeiros, professores, policiais, pastores, líderes, executivos, profissionais do mercado financeiro, motoristas e jornalistas, além de profissionais que desempenham dupla ou tripla jornada, estão entre as que mais afetam com a síndrome de Burnout.

As causas

É necessário diferenciar o estresse da síndrome do burnout. O estresse é uma resposta natural do organismo e todos passamos por ele, seja no dia a dia, seja em várias etapas da vida. Entretanto, na Síndrome de Burnout um dos pontos mais importantes são o estresse crônico e a exaustão emocional, ambos gerados no ambiente (geralmente no trabalho).

A Sindome de Burnout pode ocorrer em outros ambientes. Uma pesquisa, publicada no Journal of Reproductive and Infant Psychology, mostrou que 20% das mães são atingidas pelo esgotamento emocional após a maternidade.

Sintomas

São muitos os sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout e não necessariamente todos ocorrerão. Na maioria das vezes, os sintomas aparecem de forma leve e vão se agravando com o passar do tempo.

Os principais sintomas estão baseados em três pilares da Síndrome Burnout: (exaustão emocional, despersonalização e redução da realização profissional).

O humor também pode variar bastante. Irritação, agressividade e impaciência são constantes. Outros sinais que indicam um esgotamento mental e emocional é o abuso de substâncias, como álcool, cigarro, drogas ou até mesmo automedicação com remédios controlados.

Essa síndrome evolui muito rapidamente para casos severos de depressão e ansiedade. Procure ajuda especializada se você estiver sentindo:

➢    Exaustão extrema, física e mental: Uma das principais características para a identificação do burnout e acontece quando o profissional sente que não tem energia para lidar com situações estressoras, além da perda do entusiasmo.

➢    Despersonalizacao: Ela é importante para diferenciar o burnout do estresse. Ela ocorre quando as pessoas passam a agir com indiferença, a ter comportamentos de hostilidade e uma atitude negativa em relação à profissão e às pessoas envolvidas no ambiente de trabalho. A despersonalização é chamada assim devido ao distanciamento emocional com as outras pessoas.

➢    Sentimentos de derrota e incompetência: Experimenta constantemente frustração, apresenta baixas expectativas em relação ao seu próprio desempenho e cognições relacionadas a fracasso. Tudo no trabalho se torna motivo de insatisfação e desprazer.

➢    Dificuldade de concentração/ esquecimento: Devido as dificuldades de sono, cansaço e sintomas emocionais, como ansiedade, ficamos distraídos, paramos de prestar atenção ao ambiente que nos cerca.

➢    Ansiedade prolongada: Pesquisas demonstraram que o burnout possui uma correlação com sintomas de ansiedade. Uma meta-análise (Maske et al. 2016) identificou que 59% dos indivíduos com diagnóstico de burnout também foram diagnosticados com transtorno de ansiedade.

➢    Isolamento: O burnout é multifatorial, isto é, existem questões orgânicas, sociais e psicológicas envolvidas. Por essa razão, esses indivíduos tendem a apresentar também sintomas depressivos, ideias de inutilidade, fracasso, alta irritabilidade, e dificilmente irão se inserir socialmente. Manter o contato com outras pessoas, ser empático, interagir e comunicar são funções do cérebro que ficam acometidas quando se tem burnout.

O Burnout e depressão possuem uma elevada correlação. Um estudo, inclusive, apontou que 53% dos pacientes com burnout grave também foram diagnosticados com depressão. No entanto, é importante ressaltar que apesar de compartilharem características em comum, tratam-se de condições diferentes.

Além disso, é possível que o paciente sofra fisicamente com a doença. Quando estamos passando por uma fase de desequilíbrio emocional, é comum que o corpo, devido a reações neurobiológicas e hormonais, também apresente sintomas físicos como: com dores de cabeça, enxaqueca, cansaço, sudorese, palpitação, pressão alta, dores musculares, alterações no sono, no apetite, dores, queda da libido, fadiga, falta de ar, taquicardia, tontura, vertigem, sensação de formigamento, baixa imunidade, crises de asma e distúrbios gastrointestinais, síndromes metabólicas e doença cardiovascular.

Tratamento

O tratamento para a Síndrome de Burnout deverá ser feito por um psicólogo e/ou psiquiatra. Indica-se que o paciente faça psicoterapia para poder identificar a causa principal da síndrome e, assim, desenvolver mecanismos para vencê-la. Em casos mais severos, são indicados antidepressivos e ansiolíticos para que a pessoa possa ter uma melhor qualidade de vida.

Dicas para evitar a Síndrome de Burnout ou para se livrar dela:

➢    Evitar o contato com pessoas “negativas” que estejam constantemente reclamando dos outros e do trabalho;

➢    Descanse de verdade. Deite e durma as horas necessárias para o seu corpo e a sua mente se recuperarem para niciar uma nova jornada.

➢    Nunca se automedique. Se você quer diminuir o estresse ou precisa dormir melhor, busque uma opinião médica. A automedicação pode piorar muito mais o seu estado clínico.

➢    Medite – A meditação é uma forte aliada terapeutica.

➢    Faça exercício físico, como caminhada, dança, luta ou academia, por pelo menos 30 minutos por dia. Isso ajuda aliviar o estresse e aumenta a produção de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar. Não espere sentir-se bem para fazer exercícios, faça exercícios para sentir-se bem.

➢    Um papel por vez: Desenvolvemos muitos papeis na vida: Pai, profissional, filha, etc. Procure viver plenamente cada um deles. Jante com os filhos sem atender telefonemas do trabalho, trabalhe sem se preocupar como o que vai fazer no jantar, Não leve trabalho pra casa, para as férias, etc. Quem desempenha todos os papéis ao mesmo tempo não vive nenhum deles e acaba aumentando o estresse.

➢      Trate-se bem. Cuide-se. Ame-se acima de tudo e de todos! Conecte-se com seu ser interior.

Patrícia Medeiros

Palestrante e Terapeuta Sistêmica

Instagram: @patriciamedeirospsi

Email:  clinica@patriciamedeirospsi.com.br

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