Entrega: Dr. Jair Nogueira

Entrega, de acordo com o dicionário, é ação ou resultado de entregar, de passar algo para alguém; transmissão, aquilo que se transmitiu. Ela tem que ser o resultado final da insígnia funcional, seja a de um gari ou a de um presidente de uma nação. O que pode deixar um cliente satisfeito após o corte de cabelo no salão, por exemplo, bem como um paroquiano após a homilia do padre ou do pastor, é o modelo da entrega realizado. Quanto melhor elaborado, rebuscado e moralmente consciente o processo de elaboração desse modelo, tanto melhor será o valor da entrega. E na medicina não é diferente. O médico, tal como qualquer outro profissional, deve agregar os melhores e mais proficientes conhecimentos para que sua entrega tenha o melhor valor possível.

A medicina tem como ação precípua diminuir o sofrimento causado pela doença, seja por meio de sua cura ou de seu controle. Para tanto, essa entrega tem que seguir um algoritmo que vai do diagnóstico, cujo processo deve ser bem elaborado, até o tratamento, que deve ser o melhor possível. E nesse roteiro há um vasto elenco de elementos primordiais para uma entrega que, no mínimo, seja adequada ao problema do paciente.

Todo paciente que procura um médico quer saber o que ele tem, que risco ele corre e o que precisa ser feito para sanar seu problema. É necessário, portanto, que o profissional de saúde esteja atento e sensível à sua preocupação. Só por esta atitude já se cria um clima de confiança mútua que muito facilita a condução do processo de diagnóstico. A entrevista bem elaborada, cujo teor cunha a história clínica, já permite elencar algumas hipóteses diagnósticas ou, até mesmo, indicar o próprio diagnóstico.

Diante do conteúdo da história clínica bem formulada, juntamente com os antecedentes clínicos, dos hábitos e do

comportamento de vida, do histórico de doenças na família e de dados importantes revelados num bom exame físico, a probabilidade de uma hipótese diagnóstica certeira é muito grande. Algum exame complementar apenas poderia confirmá-la. Exames médicos também podem ser solicitados para afastar alguma hipótese diagnóstica menos provável.

Pois bem, tendo o diagnóstico, o que fazer agora? Qual a melhor conduta e qual a melhor terapêutica que a medicina recomenda para a doença do paciente? Ele, de acordo com suas características clínicas, se inclui dentro de diretrizes que possam nortear o melhor tratamento médico disponível à sua doença? Quais as melhores evidências, riscos e benefícios do tratamento médico que será instituído?

Entretanto, essas medidas eminentemente farmacológicas, embora essenciais, compõem um conjunto que envolve outras medidas, as não-farmacológicas, que se constituem de orientações voltadas à mudança comportamental quanto ao padrão de vida. E, entre estas, estão a melhora dos hábitos alimentares, do estímulo à prática de atividades físicas e de lazer e do abandono de vícios. Esse conjunto de medidas se constituirá no melhor tratamento clínico ao paciente e, portanto, na melhor entrega.

Dr. Jair Nogueira

Médico

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