Nacional
COP27: Brasil diz ter pressa para
começar produção de hidrogênio
verde

Especialistas avaliam que país tem potencial para liderar a produção
Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil – Brasília

O Brasil tem pressa em começar a produzir hidrogênio verde e energia elétrica a
partir dos aerogeradores que serão instalados no mar (eólicas offshore). O
assunto foi debatido na quinta (10) durante o painel Infraestrutura de Apoio à

Transição Energética, no pavilhão brasileiro montado na COP27, em Sharm el-
Sheikh, no Egito.

“Precisamos acelerar [o processo de implantação de empreendimentos de
energia limpa] porque todos países querem liderar esse processo. Muitos países
têm condições de liderar, mas talvez o Brasil seja o país que reúne as melhores
condições para liderar [esse segmento]”, disse a presidente da Associação
Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum.

Ela se referia, em especial, às pretensões brasileiras de produzir hidrogênio verde
a partir da energia eólica gerada pelas offshore, que são os aerogeradores
instalados no mar.

De acordo com a assessora especial do Ministério do Meio Ambiente (MMA)
Roberta Cox, que também participou do debate, as ações do governo, no sentido
de desburocratizar as autorizações para a instalação desses empreendimentos,
têm avançado de maneira satisfatória, com a publicação de portarias que
regulamentaram o decreto de cessão de uso de áreas marinhas.

“Uma das portarias, inclusive, criou o PUG-offshore, que é o Portal Único para
Gestão do Uso de Áreas Offshore para Geração de Energia. Até então, no
processo de cessão do uso de áreas marinhas, empreendedor e ministério tinham
de passar por nove órgãos para terem a autorização. Agora fazemos isso em
apenas um balcão único, a exemplo de outros países. O PUG dispara tudo para
os outros órgãos”, explicou a representante do Ministério do Meio Ambiente.

Na avaliação da presidente da ABEEólica, “do lado das offshore estamos
caminhando muito bem”, com a regulamentação estabelecida a partir das
publicações do decreto e das portarias que tratam do assunto. “Agora vamos
trabalhar fortemente para termos o primeiro leilão de seção de uso do mar, o que
deve acontecer no ano que vem. Daí, o MMA poderá, enfim, fazer o
licenciamento ambiental dos parques eólicos”, disse Elbia.

Segundo ela, os projetos visando a produção de hidrogênio verde também estão
sendo encaminhados. A denominação hidrogênio verde ocorre quando a
eletricidade usada na eletrólise da água, visando a extração do hidrogênio, vem
de fontes de energia renováveis como eólica, fotovoltaica e hidrelétrica. Pode
também ser obtido por hidroeletricidade e por biomassa de rejeito.

Ceará
A previsão é de que o Ceará venha a se tornar o principal produtor desse
combustível, tendo como hub uma usina no Porto do Pecém. Segundo o
coordenador de Energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Joaquim
Rolim, que também participou da reunião, “no Ceará deveremos ter ainda este
ano a primeira molécula de hidrogênio verde sendo produzida pelo projeto piloto
no Complexo do Pecem”.

“Inclusive o Senai já está fazendo capacitações sobre o tema de hidrogênio
verde. Ano passado, tivemos um curso com mais de 5 mil inscritos. Estamos
muito otimistas. Não podemos desperdiçar essa oportunidade”, disse.

Elbia Gannoum explicou que eólicas, offshore e hidrogênio verde têm relação
entre si, “mas são interdependentes”, uma vez que o país tem à sua disposição
outras fontes renováveis não danosas ao meio ambiente, o que torna este
combustível ainda mais atraente para os investidores.

“O Brasil precisa entender essa oportunidade e ver esses investimentos como
fator fundamental para o crescimento do país. Com energias renováveis, vamos
gerar emprego, renda; vamos investir em tecnologia e capacitação, além de fazer
pesquisas em desenvolvimento e inovação. É um pacote de beneficio de
externalidades positivas que temos para atrair investimentos. Não podemos
perder nenhum minuto para fazer com que o país realmente aproveite essa
oportunidade”, defendeu.

Combustível do futuro
Considerado o combustível do futuro, o hidrogênio verde tem despertado
interesse cada vez maior no exterior por seu consumo e produção não serem
prejudiciais ao meio ambiente.

Para ter o selo verde é fundamental que o hidrogênio seja produzido e
transportado sem o uso de combustíveis fósseis ou de outros processos
prejudiciais ao meio ambiente. Sua produção requer o uso de muita energia, em
especial para retirar, por hidrólise, o hidrogênio que é encontrado na água.

O interesse por esse combustível é crescente devido ao risco de segurança
energética pelo qual passa o continente europeu, em meio ao cenário de guerra
entre Rússia e Ucrânia. Boa parte dos países europeus depende do gás
exportado pela Rússia.

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