Nacional
Campanha pede que crianças sejam
ouvidas sobre mudanças climáticas

Direitos infantis precisam estar no centro das discussões, dizem ONGs

Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil – Brasília

Organizações não governamentais (ONGs) que atuam em defesa dos direitos de
crianças e adolescentes de todo o mundo cobram das lideranças internacionais
que participam da 27a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças
Climáticas (COP27) medidas imediatas que coloquem os direitos infantis no
centro do debate para conter a degradação ambiental, o aquecimento global e
suas consequências.

Várias entidades da sociedade civil que participam da iniciativa, como as redes
internacionais Our Kid’s Climate e Parents For Future Global criaram a campanha

KidsFirst (ou #CriançasEmPrimeiroLugar) para mobilizar a população global a

cobrar mais atenção aos direitos das crianças por chefes de Estado, líderes
empresariais e ambientalistas presentes à conferência, no Egito.

Uma dessas entidades é o Instituto Alana, do Brasil, que enviou uma delegação
de mães à cidade egípcia de Sharm el-Sheikh, onde se realiza a conferência do
clima, que vai até o próximo dia 18. Com sede em São Paulo, o Instituto Alana
defende a urgência de um plano de ação global que garanta justiça climática para
as crianças, com especial atenção às de países do Hemisfério Sul.

A inspiração dos entusiastas da implementação de uma estratégia global é o
chamado Plano de Ação sobre Gênero (do inglês, Gender Action Plan), aprovado
durante a COP 23, realizada em 2017, em Bonn, na Alemanha. O objetivo desse
plano é integrar aspectos das questões de gênero às discussões climáticas, em
particular, a importância da participação das mulheres nas negociações nacionais
e internacionais.

“O Plano de Ação para Crianças é uma proposta de acordo cuja missão será
integrar as necessidades das crianças e garantir a plena participação destas em
áreas como adaptação, empoderamento climático, finanças, balanço global e

gênero de forma coerente, igualitária e significativa na implementação dos
processos da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do
Clima”, explicou o Instituto Alana. Segundo o instituto, desde a primeira COP, em
1995, o fórum de líderes globais jamais tomou uma decisão com o objetivo
específico de proteger as crianças dos efeitos das mudanças climáticas.

As organizações à frente da campanha também pedem às lideranças políticas e
empresariais mundiais a adoção de medidas que estimulem os países a substituir
o uso de combustíveis fósseis por fontes de energia renovável e a apoiar um
processo de transição que inclua a criação de um fundo econômico para amparar
parte da população em caso de perdas e danos causados por fenômenos
climáticos extremos, como inundações e ondas de calor.

As entidades também querem que as próprias crianças, que representam um
terço da população global, sejam incluídas no debate sobre a crise climática. “[Em
todo o mundo], há 1 bilhão de crianças extremamente vulneráveis a desastres
climáticos, especialmente no Sul Global. Além disso, mais de 90% das crianças
em todo o mundo estão respirando ar poluído. O principal impulsionador disso é a
queima de combustíveis fósseis – e, no entanto, governos e corporações
continuam a explorar novos combustíveis fósseis, desafiando a ciência”, alerta a
Our Kids’ Climate em seu site.

De acordo com um relatório que o Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef) apresentou nesta quarta-feira (9), só no Brasil, há cerca de 40 milhões de
jovens expostos a mais de um risco climático ou ambiental e são justamente as
crianças e adolescentes os mais vulneráveis aos eventos extremos decorrentes
das mudanças climáticas em curso.

“As crianças e adolescentes são os que menos contribuem para as mudanças
climáticas, mas são os que vão sofrer as consequências de forma mais intensa e
por mais tempo. Nesse sentido, a mudança climática é uma ameaça direta à
capacidade da criança de sobreviver e prosperar”, afirmou a representante
interina do Unicef no Brasil, Paola Babos, ao apresentar o documento em que a
Unicef faz uma série de recomendações que vão ao encontro das propostas da
campanha #KidsFirst, como a priorização da garantia dos direitos de crianças e
adolescentes na implementação de medidas para fazer frente a crise climática.

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